Importância do perito: Como a polícia de Roraima identificou estuprador no Maranhão usando banco nacional de DNA

22/02/2022 02/03/2022 18:28 591 visualizações

Da Ascom

No dia 28 de maio de 2019, em Boa Vista, Capital do Estado de Roraima, uma mulher que colocava o lixo para fora de casa foi rendida por dois homens, estuprada por um deles e teve seus pertences roubados pelo outro. Na mesma época, um adolescente assumiu a autoria do roubo, mas o estuprador não foi encontrado. Agora, quase três anos depois, com o uso da ciência por peritos oficiais, o autor do estupro foi identificado por meio de DNA. Ele está preso no Maranhão. As informações foram divulgadas pelo G1, portal de notícias da Globo.

No Tocantins esse trabalho também já vem sendo feito. Na semana passada, peritos do Instituto de Criminalística do Tocantins coletaram material genético de 78 presos condenados, que cumprem pena nas unidades prisionais de Miracema do Tocantins e Porto Nacional. Os procedimentos ocorreram na terça-feira, 15, e na sexta-feira, 18, nos dois municípios, respectivamente, sendo feitas 43 coletas em Miracema e 35 em Porto Nacional. Essa coleta também já foi realizada em preso da Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP).

 

Mas o que os peritos oficiais de Roraima fezeram para identificá-lo e ter certeza de que era ele? A solução veio do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), usado pelas polícias brasileiras por meio de uma rede integrada. No acervo, há material de vítimas e de suspeitos. Quando ocorre um crime, essas coletas são cruzadas por peritos que analisam possíveis suspeitos até desvendar os casos.

 

Para a perita criminal da Polícia Civil de Roraima Érica Veras, que participou do processo de identificação do suspeito do estupro, o banco de material genético representa um avanço nas investigações de crimes de violência sexual praticados contra mulheres, adolescentes e crianças no estado e no país.

 

Atualmente, essa plataforma, chamada de Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, tem 136.369 perfis cadastrados, incluindo perfis genéticos de condenados criminalmente, vestígios criminais, restos mortais não identificados e de familiares de pessoas desaparecidas, dentre outros. O trabalho é coordenado pelo Ministério da Justiça. 

Até agora, foram 4.238 coincidências confirmadas, sendo 3.226 entre vestígios e 1.012 entre vestígio e pessoa cadastrada criminalmente. Além disso, o programa auxiliou 3.427 investigações.

 

No caso do estupro em Boa Vista, a perita criminal levou à capital federal 250 amostras de crimes sexuais para serem analisadas. Ao fazer o detalhamento e cruzamento dos dados, foi identificado que o autor do estupro havia sido um jovem de 22 anos, atualmente preso no Maranhão por suspeita também de estupro de vulnerável, além de outros crimes.

 

"Este perfil foi inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos, e os dados foram cruzados com outros estados. O banco identificou coincidência de perfis (match) com duas amostras do Banco de Perfis Genéticos do Maranhão, identificando o autor de um crime de estupro que aconteceu em Roraima em 2019", detalhou a perita criminal Andréa Sant'Ana, que também atua com o programa.

 

Esse mesmo banco de dados é usado para buscar por pessoas desaparecidas, com base em informações genéticas coletada de familiares. A sede do laboratório funciona em Brasília, mas há 22 unidades espalhadas pelo país, que são coordenadas pelo Ministério da Justiça.

 

Roraima tem o laboratório laboratório de genética forense para análise de DNA, mas o trabalho funciona para investigação de crimes locais. Para receber o banco de dados de perfis genéticos nacional, ainda vai passar por auditoria e, só assim, será inserido oficialmente na rede.

 

A Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos é um programa nacional e foi criado em maio de 2013, por meio de um decreto do governo federal com a finalidade de manter, compartilhar e comparar perfis genéticos para ajudar na apuração de crimes.

A Polícia Civil de Roraima iniciou em 2019 o cadastramento de presos de Roraima no banco de DNA.